Stake Land - Anoitecer Violento (Stake Land)

"Stake Land - Anoitecer Violento" é definitivamente uma boa surpresa para quem garimpa filmes de horror internet adentro. Não que o mesmo seja perfeito, ele tem seus problemas. No entanto, a fita possui uma inegável qualidade autoral, e trabalha muito bem seus elementos dramáticos, sendo este seu ponto positivo mais contrastante.

Na trama acompanhamos a trajetória do garoto Martin, sobrevivente de um mundo devastado por uma infecção que transforma humanos em uma espécie de vampiros zombificados (algo muito doído na verdade). Veja bem: estas criaturas não possuem raciocínio, e se movem de forma errante, mas no final sugam sangue, morrem empaladas por estacas, e quando entram em contato com a luz do dia pegam fogo (ainda bem né? Já estava me esquecendo que vampiros eram seres da noite).

A direção de Jim Mickle funciona corretamente, mesmo diante dos limites impostos pelo seu baixo orçamento de independente. Ele consegue abordar de maneira envolvente todos os personagens - que são talhados com muita atenção -, os aproximando eficientemente da audiência. Em certos momentos, esta identificação com o elenco nos faz sentir que estamos vendo alguma série de TV do gênero ("The Walking Dead" seria a referência exata).



Apesar de rolar uma descrença no início da obra, com o decorrer da história certa afeição se torna um sentimento inevitável, o que nos leva a torcer, temer e chorar pelos personagens. Sendo
"Stake Land" um road movie, temos diversas caras novas que surgem pelo caminho a todo momento, o que amplifica a questão da aproximação e despedida. 

O time de atores - pouco conhecido - cumpre bem sua função, uma missão que é amenizada pelo roteiro de qualidade do diretor Mickle e do ator Nick Damici, que interpreta o importante "Mister", um autêntico guerreiro desta realidade destrutiva. Outro destaque é Michael Cerveris, que encara de maneira eficiente a responsabilidade de ser o vilão da fita, o perigoso Jebedia Loven, líder de um culto religioso perverso (Cerveris é um velho conhecido dos fãs da série de TV "Fringe", em que interpreta o observador Setembro).




E como foi dito, é na parte dramática que o projeto se revela uma excelente opção de horror. Por meio de um voice over sutil, o texto amarra seus acontecimentos através de pensamentos concisos, poéticos, e, acima de tudo, carregados de uma autêntica tristeza. A relação dos personagens, muito bem trabalhada, realça realisticamente o contorno desesperador das situações extremas vivenciadas. Sem esta veracidade humanística por trás de tudo, o projeto seria um fracasso.   

Em resumo: "Stake Land - Anoitecer Violento" é uma opção recomendada para aqueles buscam um bom filme para assistir de luzes apagadas (até rimou). Mesmo utilizando todos os clichês do tema "mundo apocalíptico" - com o questionamento da perda de humanidade mediante a brutalidade necessária para a sobrevivência, a descrença em deus, seitas religiosas assassinas, canibais, estupradores... ou seja: o homem como pior inimigo -, mesmo com estes elementos já conhecidos, o longa consegue surpreender e ainda inovar na maluca junção de vampiros com zumbis. Os fãs do gênero vão adorar.



Stake Land - Anoitecer Violento/ Stake LandEUA/ 2010/ 98 min/ Direção: Jim Mickle/ Elenco: Connor Paolo, Nick Damici, Kelly McGillis, Michael Cerveris, Danielle Harris, Sean Nelson

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