Sim, o primeiro filme foi péssimo, mas o que eles queriam afinal? Chamaram o diretor e roteirista Mark Steven Johnson, responsável por pérolas como "Demolidor - O Homem Sem Medo" e "Elektra", seguramente as piores adaptações de super-heróis para o cinema do século 21.
E tentando reparar as injurias de um passado recente, os malucos Mark Neveldine e Bryan Taylor foram convocados. Os diretores siameses chamaram a atenção do mundo com seu insano "Adrenalina", que surpreendeu bastante na época. Em seguida lançaram "Adrenalina 2" e "Gamer", obras irregulares que possuem certas qualidades, mas que no geral não saem da vala do esquecimento. E seguindo ladeira abaixo, o último trabalho dos caras foi o roteiro de "Jonah Hex - O Caçador de Recompensas", que é simplesmente uma piada de mal gosto.
Falando sinceramente? Tentei me enganar com este "Motoqueiro Fantasma" novo. Pensei: "ah, os caras são doidões, filmam de maneira maluca, com câmeras pequenas, sempre em movimento, uma pegada independente de guerrilha que pode ser uma boa opção para um blockbuster desse". Doce ilusão. A produção do "Espírito de Vingança" acerta apenas em um critério: no icônico visual do ser cuja a cabeça é um crânio em chamas e a moto é sustentada por rodas de fogo. Ou seja, os méritos vão, única e exclusivamente, para os criadores do personagem - o desenhista Mike Ploog e os escritores Roy Thomas e Gary Friedrich -, a equipe de efeitos especiais... e só!
Creio que tudo que os fãs esperavam de uma obra do Motoqueiro era algo sombrio, gore, das profundezas do inferno. O vilão poderia ser o Mephisto, o enredo envolveria matança de demônios menores e os humanos seriam apenas para punir e se divertir. Mas isso é o contrário do que vemos no roteiro, vindo de (acredite se quiser) três cabeças diferentes, todas despreparadas para missão. É engraçado olhar para os currículos desses caras e tentar adivinhar porque diabos eles foram escolhidos. Um deles roteirizou para TV "Ana Pimentinha" e "Filhotes da Selva"!!?. A única resposta para esta pergunta vai de encontro com aquele meu desejo de um filme descente do personagem: eles foram os únicos que aceitaram o emprego.
A história traz como pano de fundo o resgate de uma criança - que tem o potencial de ser o novo invólucro do diabo -, sendo que a igreja quer proteger a mesma (veja que inovação, no passado os religiosos sempre quiseram matar tais crianças, afinal é bem mais fácil). Iludido com promessas divinas, Johnny Blaze decide resgatar o pivete da mão de malfeitores (contratados pelo tinhoso Roarke). Mas ninguém contava que no peito - possivelmente descarnado - de Blaze também bate um coração, que o faz se apegar ao garoto e o defender com unhas e dentes, contrariando corajosamente suas motivações iniciais.
A pegada da direção de Neveldine e Taylor pode ser vistas em pouquíssimas cenas de ação (veja o trailer, elas estão todas lá) e em "cutscenes" animadas interessantes (talvez a melhor e mais bem executada ideia do filme). De resto, tudo é enlatado e empurrado com a barriga, sendo lógica e consistência de cenas um capricho para os fracos. É de dar vergonha alheia.
E coroando este festival de incongruências, temos o mestre da apatia Nicholas Cage, "losing his shit" completamente. O cara parece não conseguir sair do piloto automático, é inacreditável. A verdade é que o empresário de Cage, provavelmente, perpetrou alguma espécie de vingança pessoal contra ele, o escalando apenas para papéis em fitas medíocres e o mantendo dopado a base de medicamentos pesados - está é a única explicação racional para o declínio do ator, pois este não é o Nicholas Cage que fez "Adaptação" ou "Coração Selvagem"... aquele Cage deve estar morto e enterrado por debaixo de pilhas de valium.
Já o elenco como um todo sofre com a falta de experiência, em especial a fraquíssima Violante Placido, que faz Nadya, a mãe do garoto problema. Christopher Lambert também dá as caras no longa - servindo apenas como uma curiosidade bizarra - e Ciará Hinds, que interpreta o vilão Roarke, é um profissional eficiente, mas aqui é visto apenas pagando aluguel, nada mais.
Já o elenco como um todo sofre com a falta de experiência, em especial a fraquíssima Violante Placido, que faz Nadya, a mãe do garoto problema. Christopher Lambert também dá as caras no longa - servindo apenas como uma curiosidade bizarra - e Ciará Hinds, que interpreta o vilão Roarke, é um profissional eficiente, mas aqui é visto apenas pagando aluguel, nada mais.
No final, fica óbvio que "Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança" foi uma tremenda decepção. O personagem merecia muito mais do que esta afronta, que ainda por cima é uma sequência de outra afronta. A dupla na direção se mostrou louca demais - um caso de internação na verdade -, o roteiro - que não tem vingança, nem coesão, nem nada que preste - poderia ser aproveitado por algum filme B da Disney, e Cage... definitivamente não é Johnny Blaze. Ele nunca será.
PS: ainda me pergunto se Neveldine e Taylor só foram escolhidos para a direção por causa da última cena de "Adrenalina 2", em que Jason Statham pega fogo e manda um hang fuck pra galera. Vai saber né!?