Seita Mortal (Red State)

Horror em Nome de Deus

Quem conhece o cinema do diretor e roteirista Kevin Smith, sabe que sua mira algumas vezes funciona muito bem, mas outras vezes falha miseravelmente. Ano passado ele lançou Seita Mortal, seu primeiro filme classificado como horror... mas que na realidade não passa de um suspense meia boca.

A história é a seguinte: numa cidade central dos Estados Unidos, três jovens resolvem encontrar uma mulher que se oferece sexualmente na internet para grupos de rapazes. Na verdade, o encontro é uma armadilha da seita religiosa extremista Igreja Five Points (praticamente um pentagrama, né!?), que espera avidamente pelo apocalipse e prega o ódio aos gays e libertinagens em geral. Em suas "saudáveis" celebrações, os malucos costumam assassinar pessoas "indignas"... e os jovens serão as oferendas da noite.

Muita famosa, a seita já estava no radar do governo americano, que depois do 911 (11 de setembro) começou a considerar qualquer grupo religioso fundamentalista como uma possível célula terrorista. Mesmo agindo de forma cuidadosa, a Five Points acaba atraindo uma abordagem policial até sua fazenda, que eles respondem com milhões e milhões de balas (o grupo possui um arsenal que daria inveja aos mercenários de Stallone). O resultado? Um pequeno exército tático é escalado para bater gentilmente nos grandes portões sagrados do local, conhecido também como Bullshit Wall (referência carinhosa da comunidade sobre os muros erguidos em torno da propriedade).

Bem, a premissa tem seu charme, mas não é algo revolucionário. A direção de Smith não traz arrojo visual ou nada desse tipo, ficando basicamente na steadycam, com muitos closes e movimentos na hora do tiroteio. Apesar de bem contextualizada, a trama não se desenvolve completamente, o clima distópico não propicia tanto interesse, e o andamento sofre bastante, se arrastando demais durante o conflito armado, que de longe se mostra animador. 

No entanto, Seita Mortal não é um filme comum. Algumas de suas escolhas, inclusive de roteiro, são bem inusitadas, como os longos e longos diálogos e pregações do pastor Abin Cooper para seus devotos. Basicamente, os momentos válidos do filme são estas extensas e demoradas conversas, todas eficientes e dinamicamente inteligentes. Essa falação sempre foi uma característica do cinema de Smith, mas hoje lembra algo Tarantinesco. Outro ponto positivo é o elenco, que conta com atores competentes como Melissa Leo, Michael Parks e John Goodman.  

Mesmo assim, Seita Mortal é embrulhado em problemas. Pode até ser interessante para alguns, e provavelmente entediante para muitos outros. O fato é que o diretor não conseguiu potencializar os pontos positivos da produção, ficando sufocado pelo os erros.






















Seita Mortal/ Red State: EUA/ 2011/ 88 min/ Direção: Kevin Smith/ Elenco: Michael Angarano, Ronnie Connell, Matt Jones, Kyle Gallner, Stephen Root, Melissa Leo, John Goodman, Kevin Pollak

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