O Morto Vivo (The Revenant)

Humor post mortem e muita vontade de agradar são as qualidades mais que louváveis de O Morto Vivo.

É sempre bom (de vez em quando pelo menos) assistir um trash. Existem muitos exemplares por aí que valem a pena ser apreciados, só que para isso é preciso certa curva de adaptabilidade para com os mesmos, que leva em conta o orçamento curto e a falta de maturidade cinematográfica dos envolvidos.

Este é o caso de O Morto Vivo, um filmão B deveras divertido, que usa suas toneladas de problemas como elementos agregadores, algo trash/cult que pode ser melhor definido como "interessante".

Na trama acompanhamos a epopeia do soldado Bart, que depois de ser morto em combate no Iraque, velado e enterrado por seus familiares, retorna a vida completamente consciente e com sede de sangue. Mas o cara não é um zumbi, e também não pode ser catalogado como um vampiro, ele é um Revenant (um termo existente mas pouco conhecido que vem do latim "revenans", que significa retornar)

Extremamente confuso com a situação - afinal não é todos os dias que você acorda com os olhos brancos, a boca costurada e uma marca gigante de autópsia no peito -, Bart busca a ajuda de seu amigo drogado Joey, evitando ir atrás de sua amada Janet, para não assusta-lá demais com seu corpo putrefato.



E como Bart precisa de sangue, nada melhor do que tirá-lo fresco dos corpos de bandidos perigosos. É formada então uma dupla de vigilantes meio que caindo aos pedaços, e que devido a sua total inconsequência, irá encontrar mais problemas do que soluções.

Como já foi dito, a parte técnica de O Morto Vivo é uma contradição total. O filme é carregado de efeitos especiais (na verdade esse é um forte elemento de sua personalidade), sendo que alguns funcionam muito bem, e outros são terrivelmente toscos (o que não deixa de ser maneiro). A direção de D. Kerry Prior é surpreendentemente eficiente, demonstrando um bom gosto para enquadramentos, atenção com a iluminação e fotografia (na medida do possível né).



Já seu roteiro falha miseravelmente na construção de bons diálogos, fazendo com que tudo se arraste um pouco durante a exibição. Só que a ideia original - que monta o desenvolvimento cronológico de um morto-vivo - é muito criativa, o surgimento da dupla de justiceiros também se revela uma inteligente tacada, e o desfecho aterrador convence de maneira satisfatória. 

O elenco é péssimo, e o protagonista David Anders (Bart) é o único que segura as pontas. Entre os piores atores o destaque é Luise Griffiths, que interpreta a discrepante namorada Janet.

Em resumo, O Morto Vivo, como já foi dito, é um filme interessante. Cheio de problemas e contradições, seus acertos são nítidos, e seus defeitos podem ser perdoados pelos mais caridosos e entusiastas do gênero. Sendo um independente de baixo orçamento, o resultado demonstra no mínimo uma coisa: existe nele muito amor ao cinema de horror. Para os fãs de um bom trash, é obrigatório.


O Morto Vivo/ The Revenant: EUA/ 2009/ 110 min/ Direção: D. Kerry Prior/ Elenco: David Anders, Chris Wylde, Louise Janet, Jacy King

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