Tendo como personagens principais as empregadas (que na época eram chamadas de help), o filme aborda o elo entre as crianças brancas, praticamente abandonadas por seus pais biológicos, e estas mulheres que, por anos ofereciam carinho e atenção para os pequenos, mas nunca recebiam a devida consideração dos patrões, sofrendo ainda o risco de serem descartadas do dia para noite.
Ao explorar esta hipocrisia velada, percebemos a falta de humanidade da classe média alta da época, sendo que as representantes máximas desse comportamento eram as donas de casa. Alienadas e desocupadas, sua intolerância e ódio racial são apresentados de forma assustadora. É sabido que esta fase American Dream dos anos 60 gerou apenas depressão e tendências suicidas, tudo devido ao eterno jogo de aparência sulista, a fé exacerbada e a política de extrema direita.
É então que surge Skeeter (Emma Stone), uma jovem repórter que busca realizar algo importante em sua vida. Também criada por uma mulher negra, a jovem é livre dos preconceitos que acompanham suas amigas de infância, e percebendo a falta de sentido neste racismo corrosivo, decide escrever um livro que explora a realidade e o cotidiano das empregadas domésticas. Mas para ser publicada ela precisaria de diversos testemunhos, e isso não seria fácil.
Tecnicamente, a direção de Tate Taylor é muito eficiente. Ele passeia pelo humor e drama com naturalidade, e mas importante, consegue tirar de seus atores interpretações fantásticas, tudo isso apoiado por um excelente roteiro, uma produção planejada nos mínimos detalhes e figurinos impecáveis.
O grande destaque do elenco é Viola Davis com sua Aibllen Clark, personagem que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz. Seu olhar profundo e cansado exemplifica o sentimento de todas as mães que perderam filhos, esposas que foram violentadas, seres humanos calejados por anos de ignorância e falta de oportunidades.
Já para a jovem Emma Stone faltou um pouco de maturidade. A naturalidade de Skeeter por vezes soa confortável demais, mediante a seriedade da situação, mas no geral, a atriz colabora com o resultado positivo. A equipe de coadjuvantes conta ainda com Bryce Dallas Howard, Octavia Spencer (que concorreu ao Oscar de melhor atriz coadjuvante), Jessica Chastain e a veterana Sissy Spacek.
Já para a jovem Emma Stone faltou um pouco de maturidade. A naturalidade de Skeeter por vezes soa confortável demais, mediante a seriedade da situação, mas no geral, a atriz colabora com o resultado positivo. A equipe de coadjuvantes conta ainda com Bryce Dallas Howard, Octavia Spencer (que concorreu ao Oscar de melhor atriz coadjuvante), Jessica Chastain e a veterana Sissy Spacek.
No final, é importante percebermos que Histórias Cruzadas explora tanto os problemas dos negros como dos brancos, e que a aproximação de todos é a solução definitiva para dores e tristezas. Não estamos falando de salvadores ou mártires, apenas de união, em que ninguém seja melhor ou menor do que ninguém. Recomendado.