13 Assassinos (Jûsan-nin No Shikaku)

Takashi Miike é um dos mais prolíferos diretores japoneses da atualidade. Ele produz em torno de dois a três filmes por ano, e hoje já possui 88 títulos em sua conta (um número altíssimo para quem iniciou a carreira em 1991). É certo dizer que boa parte de seu material acaba passando batido pelo público mundial, no entanto sua destreza por trás das câmeras  chamou atenção, por exemplo, de um dos mais badalados nomes de Hollywood, o americano Quentin Tarantino, que por vezes se inspira no trabalho de Miike, e ao mesmo tempo exerce certa influência sobre ele.

Com "13 Assassinos", o diretor parece alcançar uma maturidade - tanto autoral como comercial - que seus outros filmes não possuem. Não que sua "juventude" tenha sido menos relevante. O perturbador "Audition" definitivamente foi um marco em sua carreira, o gore "Ichi The Killer" é insanamente divertido e em "Sukiyaki Western Django" ele faz uma boa parceria com Tarantino (que atua no filme), dando vida a um interessante faroeste moderno repleto de katanas.

Com a roteirização do experiente Daisuke Tengan (baseado no roteiro de Kaneo Ikegami), "13 Assassinos" é uma memorável homenagem aos filmes de samurais, consagrados por diretores como Akira Kurosawa e Eiichi Kudo (na verdade a obra é um remake homônimo do longa de Kudo). Sem tentar ocidentalizar sua linguagem, como fez em "Sukiyaki...", Miike segue a arrisca o estilo clássico japonês de se fazer cinema: expressivo e contemplativo nos argumentos, direto e massivo no combate. Mas não espere por ação desenfreada do inicio ao fim, pois em "13 Assassinos" o foco aponta para os personagens, e suas inabaláveis crenças na honra de um guerreiro.

Mas estas crenças, mantidas apenas por homens de caráter, estavam em declínio no Japão de 1840, o que culminaria com a óbvia extinção do regime político da época, o xogunato. E exacerbando ainda mais a situação da "instituição", o intocável e sádico meio-irmão do xogum, Lord Matsudaira Naritsugu (
Gorô Inagaki), despertava a revolta de todos com seus atos hediondos. Assassinando, estuprando e incapacitando mulheres, um cenário assustador, com ele no poder, começava a se montar. 

Buscando então exterminar o detestável Naritsugu, e consequentemente defender as tradições intrínsecas dos samurais, um grupo de "12" é formado, sendo comandado pelo mítico Shinzaemon Shimada (Kôji Ykusho). Depois de uma vida de batalhas, esta seria a forma perfeita de Shimada morrer: em uma missão impossível, mas de causa justa (este pensamento exemplifica bem o espírito dos guerreiros em questão). Diante de um exército inteiro, os escolhidos utilizam uma visão estratégica em seus avanços, pois sabem que estão sendo avaliados friamente pelo dúbio comandante inimigo Hanbei (Masachika Ichimura). E completando o grupo, eis que surge na floresta o décimo terceiro integrante: o hilário e bizarro Koyata, que não quer saber de espadas, pois luta à base de pauladas e pedradas. Colaborando com os doze meio que de supetão, o sujeito acaba se mostrando um exímio lutador.   

Filmado de forma grandiosa e com extremo apuro visual, a fita alcança seu ápice na catártica batalha final. Oferecendo cenas de combate eletrizantes, cheias de armadilhas e explosões imensas, temos um sangrento desfecho dramático, que honra todas as propostas realizadas. Em resumo, "13 Assassinos" não se revela como um filme de ação, muito menos como entretenimento, ele é, em totalidade, um retrato solene de homens que viviam de acordo com um código, de forma honrada e digna acima de tudo.







13 Assassinos/ Jûsan-nin No Shikaku: Japão, Inglaterra/ 2011/ 141 min/ Direção: Takashi Miike/ Elenco: Kôji Yakusho, Takayuki Yamada, Yûsuke Iseka, Gorô Inagaki, Mikijiro Hira, Ikki Sawamura

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