John Carter - Entre Dois Mundos (John Carter)

O personagem John Carter, criado por Edgar Rice Burriughs, já tem um século de existência. Lançada em 1912, sua história de ficção unia realidade e fantasia de forma inteligente, situando um veterano confederado da Guerra Civil Americana no planeta Marte, sendo que o mesmo se vê rodeado por seres estranhos e igualmente guerreiros, os Tharks, humanoides verdes de quatro braços.

Por ser um "estrangeiro" no planeta, Carter tem "poderes" diferenciados dos que já vivem por lá. Ele é mais leve (o que lhe permite saltar muito alto) e mais forte (o que lhe permite... ser muito forte). Essas novas habilidades dão a Carter um carácter de deus da guerra, o soldado perfeito.

O filme "John Carter - Entre Dois Mundos" tinha tudo para dar certo. A Disney apostou alto na produção ($$$), o diretor chamado foi Andrew Stanton, que conduziu algumas das melhores animações já feitas pela Pixar ("Procurando Nemo" e "Wall-E") e as expectativas eram ótimas mediante esta sua transposição de formato. No entanto o que se vê na tela não é nada daquilo que esperávamos. É algo quebrado... muito bonito, mas quebrado de alguma forma. 

Primeiramente, o grande defeito da obra é sua duração. Tá certo, é impossível negar que o feeling de "Star Wars" não esteja presente na fita (muito presente na verdade), e como este era para ser um novo clássico intergalático da Disney, resolveram tacar logo 132 minutos, o que azedou o andamento. Depois de um início empolgante, o longa dá uma freada brusca e se arrasta por uns 40 minutos. O mais engraçado é que o roteiro não tem pausas, nós não temos a sensação de passagem de tempo, tudo acontece no mesmo dia. Poucas minutos depois de Carter aparecer em Marte ele já está a caminho de descobrir toda a verdade (pelo menos é o que parece). Isso faz da trajetória (o verdadeiro entretenimento) algo fugaz e sem valor.

O elenco é interessante. Taylor Kitsch é meio novato, mas se sai bem no papel principal (Hollywood parece ter gostado - um pouco além da conta - dele). Samantha Morton empresta seu talento para a digital Sola, assim como Willem Dafoe para Tars Tarkas. Mark Strong adiciona mais um vilão na sua coleção, o enigmático Matai Shang, e Ciarán Hinds surge meio canastrão no papel do líder Tardos Mors. O único problema - um dos grandes na verdade - é a atriz Lynn Collins. Apesar de sua beleza, ela entrega uma atuação exagerada e muito caricata. Collins foi uma escolha extremamente errada, principalmente por sua falta de experiência e por sua importância na trama como Dejah Thoris, mocinha da fita e par romântico de Carter.

Já na hora da ação tudo corre bem. Como já foi dito, o universo de John Carter é riquíssimo e realmente se assemelha ao de George Lucas (na verdade é o contrário, Carter é bem mais velho). Existe uma mistura inusitada de tecnologia e rusticidade que dá um toque único ao lugar, os efeitos especiais são excelentes e percebemos a eficiência da direção de Staton nas cenas que envolvem dramaticidade e ação frenética. 

No entanto, apesar de alguns pontos positivos, "John Carter - Entre Dois Mundos" cansa, sendo este talvez o maior erro de um filme de ação... ainda mais um que custou 250 milhões de dólares. O prejuízo acabou sendo grande e a Disney perdeu a oportunidade de criar uma franquia importante, que usa como base uma história que serviu de influência para o gênero. Talvez o mal agouro venha de Marte.



























John Carter - Entre Dois Mundos/ John Carter: EUA/ 2012/ 132 min/ Direção: Andrew Stanton/ Elenco: Taylor Kitsch, Lynn Collins, Samantha Morton, Willen Dafoe, Thomas Haden Church, Mark Strong, Dominic West

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