Longas que abordam histórias verdadeiras são os mais importantes. Mesmo que o texto floreie um romance, exagere um sentimento, ou se foque apenas no que acha mais atrativo... mesmo com essas esporádicas variações problemáticas, os dramas inspirados na vida real são extremamente relevantes, pois celebram o espírito de algo que se destaca em nossa realidade, algo maior, melhor e que merece ser propagado.
Esse é o caso de "A Condenação", produção independente de 2010 lançada pela Fox Searchlight e dirigida por Tody Goldwyn (aquele almofadinha de "Ghost", que morre e é levado pelos espíritos do mal direto pro inferno, lembra?).
Veja bem, este filme não se destaca por suas qualidades técnicas. A direção é correta, mas convencional. Não vemos nela nada que ouse sair do lugar comum em termos de criatividade cinematográfica. No entanto, o que chama atenção mesmo é a incrível história real que serve de base para o roteiro de Pamela Gray.
É mais ou menos o seguinte: Betty Anne Waters sempre foi muito apegada ao irmão Kenny. Oriundos de um lar disfuncional, os dois encontravam em sua parceria infantil a coragem necessária para enfrentar a vida. Depois de anos conturbados, cheios de afastamentos e problemas de todos os tipo, eles estavam próximos novamente. Isso até Kenny ser preso por um assassinato que não cometeu, sendo condenado a prisão perpétua. Betty, que era uma garçonete e mãe de dois filhos, simplesmente não conseguiu ficar de mãos atadas. Diante de um julgamento parcial, provas inconclusivas e totalmente refutáveis, a mulher colocou sua vida de lado e entrou em uma faculdade de direito, para assim conseguir provar a inocência do irmão.
Ela perdeu tudo durante este processo. Seu marido lhe abandonou, e os filhos preferiram morar com o pai. As derrotas e injustiças para se chegar ao resultado final (que levou mais de 10 anos) foram praticamente insuportáveis - mediante a futilidade dos interesses por trás da condenação. Mas ela resistiu, e a recompensa veio através das novas técnicas investigativas criadas na época: o exame de DNA - outro elemento interessante explorado pela obra, que demonstra o quão falha era a justiça antes deste artifício e como diversos inocentes perderam anos atrás das grades, mesmo com a falta de evidências cabíveis.
Temos então uma forte história que, de forma inteligente, não apela para o melodrama barato. Os atores envolvidos são competentes, sendo a protagonista Betty interpretada por Hilary Swank, e o irmão preso Kenny, pelo sempre contraventor Sam Rockwell. Como a vilã do caso, surge a excelente Melissa Leo com sua Nancy Taylor (mesmo que esta antagonista seja real, não vem ao caso revelar os motivos).
No final, "A Condenação" é um filme honesto, que não tenta deslumbrar o espectador ou algo assim. A fita se propõe a contar uma história real digna de nota, que exalta o amor e confiança que uma família deve ter (mesmo ela sendo formada por dois irmãos). Se apoiando sabiamente nas interpretações do elenco, Goldwyn oferece algo relevante... e se por um lado a fita é desprovida de requintes ou enfeites, por outro é carregada de sentimento.
Nada mais que a verdade.
A Condenação/ Conviction: EUA/ 2010/ 107 min/ Direção: Tony Goldwyn/ Elenco: Hilary Swank, Sam Rockwell, Thomas S. Mahard, Owen Campbell, MInni Driver, Melissa Leo, Juliette Lewis, Clea DuVall, Karen Young