É realmente constrangedor ver uma produção com "certo potencial" errar miseravelmente. Em "R.I.P.D. - Agentes do Além", o diretor Robert Schwentke se preocupa com tudo, menos com o mais importante: dar personalidade ao seu trabalho. Tudo é tão enlatado, que não existe computação gráfica no mundo que resolva o problema. Nem mesmo o Jeff Brigdes resolveu.
Na verdade, o diagnóstico parece bem simples. O filme falha em estabelecer o conceito do fantástico universo paralelo apresentado, falha em desenvolver de maneira satisfatória seus personagens, e finalmente, falha horrendamente na roteirização. A história e texto de Phil Hay, David Dobkin e Matt Manfredi é péssima, rasa, sem consistência, conduzida por uma narrativa forçada, construída por cenas sem ritmo e muitas vezes sem lógica.
Para aqueles que não sabem, "R.I.P.D" é uma HQ da Dark Horse criada por Peter M. Lenkov em 1999. As primeiras edições da revista traziam linguagem e traços interessantes, além do enredo cativante, violento e de humor boçal. Já em novembro de 2012, sob a sombra da rentabilidade hollywoodiana (o filme já havia sido anunciado), foi lançada uma prequência da história, intitulada "City of the Damned", e que nada tinha a ver com o trabalho original de Lenkov. Na realidade, a nova revista é meramente esquecível, de arte e escrita pouco relevantes.
O fato é que, infelizmente, uma grande deturpação da HQ original foi perpetrada, o que instantaneamente já tira quase todo o propósito da fita. O clima e personagens não são os mesmos, especialmente o nanico Nick Cruz, que, ao ser interpretado por Ryan Reynolds, se torna apenas mais um policial. Bem genérico, bem ruim.
Já a caracterização de Roy Powell é eficiente. Parecia que ninguém melhor que Jeff Bridges seria escolhido para o papel deste sulista badass. Só que diante de tantos problemas narrativos, o overacting de Bridges se potencializa de forma irritante. É decepcionante ver que, basicamente, o mesmo tipo de personagem que o ator vem fazendo (muito bem) em grandes filmes (vide "Bravura Indômita" e "Coração Louco"), aqui soa apenas cansativo. Praticamente uma calúnia.
Robert Schwentke, condutor do desastre, se foca exclusivamente na elaboração de apoteóticas cenas de ação, uma autêntica punhetagem cinematográfica, desenfreada e juvenil. Por vezes ele oferece uma movimentação de câmera que se faz perceber, mas suas opções limitadas são todas em prol do uso insano de efeitos especiais - que se revelam impressionantes em determinadas sequências, e simplesmente exagerados, desproporcionais em outras.
Em resumo: "R.I.P.D. - Agentes do Além" é um filme desnecessário. Não serve como diversão, muito menos como adaptação. O que vemos no geral é um elenco desconfortável, em uma história literalmente morta, sem alma ou personalidade alguma - em nenhum momento você passa perto de se importar com o que está acontecendo na tela. É possível perceber uma baita vontade de agradar ($$$), mas pouca maturidade para isso. Me lembrou "MIIB - Homens de Preto II", só que bem pior. Na verdade, já esqueci.
R.I.P.D. - Agentes do Além/ R.I.P.D.: 2013/ EUA/ 96 min/ Direção: Robert Schwentke/ Elenco: Ryan Reynolds, Jeff Brigdes, Mary-Louise Parker, Kevin Bacon, James Hong, Marisa Miller, Stephanie Szostak
Para aqueles que não sabem, "R.I.P.D" é uma HQ da Dark Horse criada por Peter M. Lenkov em 1999. As primeiras edições da revista traziam linguagem e traços interessantes, além do enredo cativante, violento e de humor boçal. Já em novembro de 2012, sob a sombra da rentabilidade hollywoodiana (o filme já havia sido anunciado), foi lançada uma prequência da história, intitulada "City of the Damned", e que nada tinha a ver com o trabalho original de Lenkov. Na realidade, a nova revista é meramente esquecível, de arte e escrita pouco relevantes.
O fato é que, infelizmente, uma grande deturpação da HQ original foi perpetrada, o que instantaneamente já tira quase todo o propósito da fita. O clima e personagens não são os mesmos, especialmente o nanico Nick Cruz, que, ao ser interpretado por Ryan Reynolds, se torna apenas mais um policial. Bem genérico, bem ruim.
Já a caracterização de Roy Powell é eficiente. Parecia que ninguém melhor que Jeff Bridges seria escolhido para o papel deste sulista badass. Só que diante de tantos problemas narrativos, o overacting de Bridges se potencializa de forma irritante. É decepcionante ver que, basicamente, o mesmo tipo de personagem que o ator vem fazendo (muito bem) em grandes filmes (vide "Bravura Indômita" e "Coração Louco"), aqui soa apenas cansativo. Praticamente uma calúnia.
Robert Schwentke, condutor do desastre, se foca exclusivamente na elaboração de apoteóticas cenas de ação, uma autêntica punhetagem cinematográfica, desenfreada e juvenil. Por vezes ele oferece uma movimentação de câmera que se faz perceber, mas suas opções limitadas são todas em prol do uso insano de efeitos especiais - que se revelam impressionantes em determinadas sequências, e simplesmente exagerados, desproporcionais em outras.
Em resumo: "R.I.P.D. - Agentes do Além" é um filme desnecessário. Não serve como diversão, muito menos como adaptação. O que vemos no geral é um elenco desconfortável, em uma história literalmente morta, sem alma ou personalidade alguma - em nenhum momento você passa perto de se importar com o que está acontecendo na tela. É possível perceber uma baita vontade de agradar ($$$), mas pouca maturidade para isso. Me lembrou "MIIB - Homens de Preto II", só que bem pior. Na verdade, já esqueci.
R.I.P.D. - Agentes do Além/ R.I.P.D.: 2013/ EUA/ 96 min/ Direção: Robert Schwentke/ Elenco: Ryan Reynolds, Jeff Brigdes, Mary-Louise Parker, Kevin Bacon, James Hong, Marisa Miller, Stephanie Szostak